Quem realmente lucra com IPOs e por que muitos investidores perdem dinheiro
Descubra quem realmente ganha dinheiro na estreia de ações e como evitar cair nas armadilhas do mercado

Manchetes estampam nomes de empresas que, da noite para o dia, se tornam gigantes na bolsa de valores. Amigos comentam sobre a “nova ação do momento” que pode multiplicar seu dinheiro. O fascínio em torno dos IPOs é inegável e captura a imaginação de investidores, especialmente os iniciantes, com a promessa de um enriquecimento quase instantâneo. Mas será que essa oportunidade é tão dourada quanto parece?
A verdade é que, por trás de toda a empolgação, existe uma estrutura complexa onde nem todos saem com o mesmo pedaço do bolo. Entender essa dinâmica é o primeiro passo para proteger seu capital e tomar decisões mais inteligentes.
O que é um IPO, afinal?

Para entender quem lucra, primeiro precisamos desmistificar o processo. IPO é a sigla em inglês para Initial Public Offering, ou Oferta Pública Inicial em bom português.
Pense em uma empresa privada de sucesso que precisa de muito dinheiro para expandir seus negócios — seja para abrir novas fábricas, investir em tecnologia ou contratar mais gente. Em vez de pegar um empréstimo gigante no banco, ela decide “vender pedaços” de si mesma para o público em geral.
Esses “pedaços” são as ações. O IPO é, portanto, o grande evento de estreia dessa empresa na bolsa de valores, o momento em que suas ações são oferecidas pela primeira vez a investidores.
Como funciona na prática?
O processo pode ser resumido em alguns passos simples:
- Decisão e Preparação: A empresa decide abrir seu capital e contrata bancos de investimento para coordenar todo o processo.
- Definição do Preço: Os bancos ajudam a definir um preço inicial para cada ação, com base na saúde financeira da empresa e no interesse do mercado.
- Oferta ao Mercado: As ações são oferecidas a grandes investidores institucionais (como fundos de pensão) e também a investidores comuns, como você.
- Estreia na Bolsa: Finalmente, as ações começam a ser negociadas livremente no pregão da bolsa, e seu preço passa a subir e descer conforme a oferta e a demanda.
A isca perfeita para o investidor iniciante
Se o processo é tão complexo, por que tantos novatos se sentem atraídos? A resposta está na psicologia da oportunidade. A ideia de “entrar antes de todo mundo” e comprar uma ação por um preço que parece uma barganha, esperando que ela dispare logo nos primeiros dias, é extremamente sedutora.
É a clássica narrativa do “fique rico rápido”. Você ouve sobre empresas que dobraram de valor na semana de estreia e pensa: “e se eu tivesse investido?”. Essa expectativa de pegar a ação “barata” antes da grande valorização é o principal motor que leva milhares de pessoas a arriscarem seu dinheiro, muitas vezes sem entender completamente os riscos envolvidos.
A empolgação é real, a oportunidade parece única, mas o jogo do IPO é jogado por muitos participantes com interesses diferentes. Apesar do brilho inicial, os maiores beneficiados nem sempre são os pequenos investidores que compram as ações na estreia.
Mas afinal, quem realmente sai ganhando em um IPO? É isso que veremos a seguir.
Quem Realmente Lucra com IPOs?

Na primeira parte, vimos o fascínio que um IPO exerce sobre o investidor comum. Agora, vamos abrir a cortina e revelar quem são os verdadeiros protagonistas que mais se beneficiam desse complexo processo financeiro. A resposta pode surpreender quem acredita que a maior fatia do lucro fica para quem compra as ações na estreia.
O IPO é um jogo com múltiplos vencedores, mas o investidor de varejo raramente está na primeira fila.
A Empresa: O Motivo Principal do Jogo
O beneficiado mais óbvio é a própria empresa que está abrindo seu capital. Para ela, o IPO é uma ferramenta poderosa para captar uma enorme quantidade de dinheiro de uma só vez. Esse capital novo e robusto pode ser usado para fins estratégicos, como:
- Expansão Agressiva: Financiar a construção de novas fábricas, abrir filiais em outros países ou investir pesado em marketing.
- Quitar Dívidas: Usar os recursos para pagar empréstimos caros, aliviando a pressão sobre o caixa e melhorando sua saúde financeira.
- Inovação e Pesquisa: Investir milhões em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para criar novos produtos e se manter à frente da concorrência.
Em resumo, o IPO é o combustível que permite à empresa dar um salto de crescimento que seria impossível apenas com seus lucros operacionais.
Os Intermediários: Os Banqueiros da Festa
Você não organiza um evento do tamanho de um IPO sem ajuda profissional. É aqui que entram os bancos de investimento e as corretoras que coordenam a oferta. Eles são os “maestros” da operação e, por esse serviço, cobram taxas milionárias.
Essas taxas, conhecidas como comissões de subscrição, são um percentual do valor total arrecadado no IPO. Em uma oferta que movimenta bilhões, essas comissões representam um lucro gigantesco e praticamente garantido para os bancos, independentemente de as ações subirem ou caírem após a estreia. Eles são os verdadeiros “banqueiros da festa”: preparam tudo, conectam as pessoas certas e recebem um pagamento robusto pelo serviço.
Os Investidores Institucionais: Os Convidados VIP
Este é o grupo que o investidor comum não vê, mas que tem o maior poder de fogo: os investidores institucionais. Estamos falando de:
- Grandes fundos de investimento;
- Fundos de pensão;
- Seguradoras e gestoras de fortunas.
Eles são os convidados VIP do IPO. Por negociarem volumes imensos de dinheiro, eles têm acesso privilegiado. Os bancos coordenadores apresentam a oferta a eles muito antes do público geral, em um processo chamado roadshow. Com base nesse acesso antecipado e em análises aprofundadas, eles conseguem reservar grandes lotes de ações, muitas vezes a um preço mais vantajoso, antes mesmo de a oferta chegar à sua corretora.
Mini-história: O IPO da “TecInova S.A.”
Imagine a TecInova S.A., uma startup de tecnologia promissora que decide fazer seu IPO para financiar a expansão global. Ela contrata o Banco Capital para coordenar a oferta, que é avaliada em R$ 2 bilhões.
- A Empresa: A TecInova conclui o IPO e levanta os R$ 2 bilhões. Com o dinheiro em caixa, ela adquire uma concorrente menor e expande suas operações para a Europa, como planejado. Missão cumprida.
- O Banco: O Banco Capital cobra uma taxa de 4% sobre o valor da oferta. Isso resulta em uma comissão de R$ 80 milhões. Para o banco, o lucro foi garantido no momento em que a operação foi fechada. Trabalho bem pago.
- O Investidor Institucional: O Fundo Titã, um grande fundo de investimento, participa do roadshow, analisa os dados a fundo e decide comprar R$ 200 milhões em ações no IPO. Graças ao seu poder de negociação, consegue uma grande alocação. No primeiro dia de negociação, as ações sobem 20%. O fundo pode vender uma parte de sua posição imediatamente, realizando um lucro rápido e substancial. Vantagem estratégica.
A Grande Desvantagem: Assimetria de Informação
Percebeu o padrão? A empresa, os bancos e os grandes fundos operam com um nível de informação e acesso muito superior ao do investidor pessoa física. Quando a oferta finalmente chega ao varejo, as melhores análises já foram feitas, as maiores posições já foram montadas e, muitas vezes, o preço já foi “esticado” pela alta demanda dos institucionais.
O investidor comum chega “por último”, agindo com base em notícias da mídia e na empolgação geral, sem o mesmo acesso aos dados brutos e às conversas de bastidores que os grandes players tiveram. Essa assimetria de informação é uma das principais razões pelas quais o jogo do IPO é tão perigoso para os menos preparados.
Se esses são os que mais lucram, por que tantos investidores comuns acabam perdendo dinheiro nos IPOs? É o que vamos analisar a seguir.
Por que a festa do IPO nem sempre é para todos?

A empolgação com um IPO é contagiante. As notícias bombam, analistas falam em “nova queridinha da Bolsa” e a sensação é de que todos que entrarem vão lucrar. Mas, na prática, a história costuma ser diferente para a maioria dos investidores de varejo, ou seja, as pessoas físicas como eu e você.
Existem alguns motivos claros que explicam por que tantos perdem dinheiro quando tentam embarcar nessa onda.
Os principais motivos para a perda de dinheiro
- Excesso de expectativa: É o erro mais comum. O investidor novato ouve sobre casos de sucesso de IPOs que decolaram e passa a acreditar que todo lançamento terá o mesmo destino. A realidade, porém, é que a maioria das ações não dobra de valor no primeiro dia. Pelo contrário, muitas sequer alcançam o preço de emissão nos meses seguintes.
- Assimetria de informação: Fundos de investimento, bancos e grandes investidores têm acesso a muito mais dados e informações detalhadas sobre a empresa antes do lançamento. Eles participam de reuniões exclusivas e têm equipes de análise dedicadas. O investidor comum, por outro lado, se baseia principalmente no prospecto (o documento público do IPO) e nas notícias que circulam, que muitas vezes são otimistas demais.
- Preço de emissão elevado: As empresas, junto aos bancos de investimento, definem o preço inicial da ação. E, muitas vezes, esse valor já chega “esticado” (caro) para o varejo, deixando pouca margem para a valorização logo no começo. É como comprar um carro que já está com o preço máximo de mercado, sem chance de negociação.
- Lock-up e pressão de venda: Quando uma empresa faz seu IPO, os acionistas originais (como fundadores e grandes investidores) geralmente assinam um acordo chamado “lock-up”, que os impede de vender suas ações por um período, que pode ser de 90 a 180 dias. Quando esse prazo acaba, muitos decidem vender parte de suas participações para realizar lucros, o que injeta uma quantidade enorme de ações no mercado e, na maioria das vezes, derruba o preço.
- Momento de mercado desfavorável: O timing de um IPO é crucial. Lançamentos feitos em um momento de euforia, quando o mercado está em alta, podem atrair investidores que logo depois, com uma correção (queda) de mercado, veem o valor de seus papéis despencar. Da mesma forma, IPOs em épocas de crise econômica dificilmente decolam.
O pesadelo do Marcelo
Para entender melhor, imagine a história do Marcelo, um analista de TI de 35 anos. Ele sempre quis investir na Bolsa, mas tinha receio. Em 2021, durante a febre dos IPOs de tecnologia, ele viu a notícia do lançamento da “TechGrow”, uma startup de software. A propaganda prometia uma empresa disruptiva e com potencial de crescimento explosivo.
Marcelo não hesitou. Usou suas economias e comprou R$ 10.000 em ações no dia da estreia. A TechGrow subiu 5% no primeiro dia, e Marcelo se sentiu um gênio dos investimentos.
No entanto, a euforia durou pouco. Nas semanas seguintes, a ação começou a cair, lentamente no começo, depois de forma mais acentuada. Em 6 meses, as ações da TechGrow já valiam menos de R$ 6.000. Marcelo, decepcionado e sem saber o que fazer, decidiu vender tudo para não perder mais dinheiro. Ele acabou realizando um prejuízo de 40%, e jurou nunca mais participar de um IPO.
A lição por trás da perda
A história do Marcelo é fictícia, mas se repete na vida real com muita frequência. A grande lição é que a maioria das pessoas perde dinheiro não por azar, mas por entrar na “onda” do IPO sem entender as regras do jogo. Elas compram com base em entusiasmo e não em análise, ignorando o fato de que a dinâmica de um IPO é muito diferente de uma compra comum de ações de uma empresa já consolidada.
Esses fatores ajudam a explicar por que tantos investidores perdem dinheiro em IPOs. Mas será que a história sempre se repete? Vamos olhar para alguns exemplos reais no Brasil e no mundo para entender quem realmente lucra com essa operação.
Lições do mundo real: IPOs que fizeram história (para o bem e para o mal)
No mundo dos investimentos, não há nada melhor do que aprender com a história. Olhar para casos reais nos ajuda a entender a dinâmica dos IPOs e a separar o que é propaganda do que é realidade. Vamos ver alguns exemplos icônicos, tanto no Brasil quanto no exterior.
IPOs que deixaram marcas no Brasil
- Casos de sucesso:
- Natura (2004): A empresa de cosméticos abriu seu capital em 2004 e se tornou um dos grandes exemplos de sucesso na bolsa brasileira. Seus papéis valorizaram de forma consistente ao longo dos anos, beneficiando quem comprou na estreia e segurou as ações no longo prazo. O segredo foi um negócio sólido, que já gerava lucro, e um mercado em crescimento.
- Raia Drogasil (2011): Nascida da fusão entre a Droga Raia e a Drogasil, seu IPO aconteceu em um momento de expansão. A empresa se mostrou um negócio resiliente, com crescimento de receita e lucro mesmo em momentos de crise. O resultado foi uma valorização que superou a maioria dos outros papéis da bolsa por anos.
- Casos de decepção:
- OGX (2008): O caso mais famoso. Criada por Eike Batista, a empresa de petróleo e gás estreou com grande euforia. O mercado, seduzido pelo “blablablá” de que a OGX encontraria petróleo de forma “quase garantida”, investiu pesado. A realidade, porém, foi outra: a empresa não encontrou petróleo suficiente para ser viável e quebrou, levando consigo o dinheiro de milhares de investidores.
- Muitas “queridinhas” da pandemia (2020-2021): O período pós-pandemia viu uma enxurrada de IPOs, especialmente de empresas de tecnologia. Muitas delas abriram capital com grande alarde e preços caros, mas caíram forte nos meses seguintes. O motivo? O mercado ficou menos otimista com o crescimento futuro e passou a priorizar empresas que já davam lucro.
Exemplos globais: de gigantes a polêmicas
- Casos de sucesso:
- Google (2004): Um IPO aguardado com enorme expectativa. O Google já era uma empresa sólida, inovadora e com receita crescente. Quem investiu na estreia comprou um bilhete para uma valorização histórica. O segredo foi comprar uma empresa com um modelo de negócio testado e comprovado.
- Facebook (2012): Seu IPO foi inicialmente turbulento, com uma estreia decepcionante. Mas, no longo prazo, a empresa (hoje Meta) provou sua capacidade de gerar lucro e dominar o mercado de redes sociais. O caso do Facebook mostra que mesmo um começo difícil pode evoluir para um grande sucesso se a empresa tiver bases sólidas.
- Casos de decepção:
- Uber (2019): O IPO da Uber foi uma das estreias mais esperadas da década. A empresa prometia revolucionar o transporte, mas abriu capital em meio a polêmicas e sem dar lucro. O resultado foi uma queda no valor das ações logo após a abertura, o que frustrou muitos investidores.
- WeWork (2019): O caso da WeWork se tornou um símbolo de excesso. A empresa de escritórios compartilhados tinha um balanço problemático, mas era avaliada em dezenas de bilhões de dólares. Seu IPO foi cancelado após uma série de questionamentos e a empresa quase quebrou. Um grande alerta sobre o perigo de investir em empresas com pouca transparência.
O que podemos aprender com esses exemplos?
- Nem todo IPO é oportunidade de ouro. A história mostra que a maioria dos lançamentos é feita em momentos de euforia e nem sempre se justifica no longo prazo.
- A “bolha” existe. O mercado pode exagerar tanto para cima (euforia, como no caso da OGX ou da WeWork) quanto para baixo (pânico). O investidor deve fugir do efeito “manada”.
- Os grandes players chegam antes. Na maioria dos casos, os investidores de varejo só têm acesso a um IPO depois que os grandes fundos e bancos já analisaram e compraram suas ações.
Aprender com a história é importante, mas também é possível adotar estratégias práticas para não cair nas mesmas armadilhas. É sobre isso que vamos falar agora.
Como investir em IPOs com mais inteligência e segurança

Investir em um IPO não precisa ser um jogo de azar. Ao invés de seguir a manada, você pode adotar um comportamento mais estratégico, baseado em análise e cautela. A ideia é evitar as armadilhas emocionais e focar nos dados que realmente importam.
Estratégias essenciais para reduzir riscos
Aqui estão as principais ações para se proteger e tomar decisões mais informadas:
- Estude o prospecto (IPO Prospectus): É o documento oficial do IPO. Nele, a empresa divulga tudo: resultados financeiros, endividamento, riscos, concorrência e o que fará com o dinheiro captado. Se você não entende algo, pesquise. Se a empresa não tem histórico de lucros ou está muito endividada, ligue o alerta.
- Avalie o setor da empresa: Analise o setor em que a empresa atua. Setores com grande potencial de crescimento, como energias renováveis ou tecnologia em ascensão, podem ter IPOs mais promissores. Por outro lado, um setor em declínio tende a ter empresas com menos potencial de valorização.
- Compare múltiplos de mercado: Compare o preço do IPO com o de empresas concorrentes já listadas na bolsa. Se a empresa do IPO está sendo lançada com um preço muito mais alto que o de concorrentes que já dão lucro, talvez a oferta já esteja “cara” demais.
- Não invista por “hype”: Hype é o excesso de publicidade e alarde. A grande maioria dos IPOs é lançada em momentos de euforia. Decidir investir apenas por manchetes otimistas ou pela pressão de amigos é a receita para o prejuízo.
- Diversifique seu investimento: IPOs são investimentos de alto risco. O ideal é que o valor aplicado em uma única estreia não seja uma parte significativa da sua carteira. Jamais coloque todo seu dinheiro em um único IPO.
Dicas práticas para iniciantes
- Entre com pouco dinheiro: Se você quer participar, comece com um valor pequeno, que não fará falta caso o investimento não dê certo. Use-o como um aprendizado.
- Aguarde o “pós-IPO”: Não há obrigação de comprar no primeiro dia. É mais seguro esperar algumas semanas ou meses para ver como o mercado se comporta e se o preço das ações se estabiliza. Muitas vezes, a euforia inicial passa e você consegue comprar por um preço mais baixo.
- Atenção ao lock-up: Lembre-se que investidores institucionais são impedidos de vender suas ações por um tempo. Fique de olho na data em que o “lock-up” acaba, pois o aumento de ações no mercado pode derrubar os preços.
A história do Rafael
Rafael, um engenheiro de 40 anos, viu o lançamento de uma nova fintech, a “InovaPay”. Ele ficou tentado pela promessa de crescimento. Em vez de comprar no calor do momento, ele fez o dever de casa:
- Ele baixou e leu o prospecto. Descobriu que a InovaPay ainda dava prejuízo, mas estava crescendo a receita.
- Ele comparou os múltiplos da InovaPay com fintechs maiores e mais estabelecidas na Bolsa e percebeu que o preço do IPO estava um pouco caro.
- Em vez de comprar R$ 10 mil em ações na estreia, ele decidiu esperar. Passados 3 meses, o preço das ações caiu 15% após o fim do lock-up. Rafael aproveitou a queda, comprou uma pequena parte da sua carteira e se sentiu mais seguro na sua decisão.
Com calma e estratégia, ele conseguiu reduzir o risco e fazer um investimento muito mais consciente do que a maioria.
Essas estratégias ajudam muito a evitar armadilhas, mas ainda restam muitas dúvidas comuns entre investidores iniciantes. Por isso, vale responder às perguntas mais frequentes sobre IPOs.
FAQ: As dúvidas mais comuns sobre IPOs

Para fechar nosso guia completo, vamos responder às perguntas que mais chegam até nós. O objetivo é desmistificar o mundo dos IPOs e dar a você as ferramentas para tomar decisões mais seguras.
Vale a pena para investidores iniciantes participar de IPOs?
Não existe uma resposta única, mas para a maioria dos iniciantes, a cautela é a melhor estratégia.
- Prós: Você pode ter acesso a uma empresa em seu estágio inicial na Bolsa, com potencial de crescimento no longo prazo. Além disso, participar de um IPO é uma ótima forma de aprender na prática sobre a dinâmica do mercado.
- Contras: Os IPOs são investimentos de alto risco. É muito fácil ser levado pelo hype e investir em algo que você não entende direito. Para um iniciante, o risco de perder dinheiro é maior do que o de obter um lucro rápido e fácil.
É melhor comprar no IPO ou esperar a ação estrear na Bolsa?
Mais uma vez, depende do seu perfil e da sua análise, mas há claras diferenças.
- Comprar no IPO: Você tem a chance de comprar a ação pelo preço de estreia. Se a demanda for alta e a ação subir no primeiro dia, você já terá lucro. O risco é que o preço pode estar superestimado e a ação pode despencar após a estreia.
- Comprar após a estreia: A grande vantagem é a segurança. Você pode observar como o mercado reage, se a ação se mantém estável ou se cai. Se a queda for grande, você pode comprar por um preço mais baixo e com menos risco. O lado negativo é que você pode perder uma eventual valorização inicial.
Por que algumas ações sobem muito no dia do IPO e outras caem?
A variação no preço se resume a um conceito simples: oferta e demanda.
- Quando sobe: Se a demanda dos investidores for muito maior que a quantidade de ações oferecidas, o preço sobe. Isso acontece em IPOs muito esperados, com empresas de um setor “quente” e que já dão lucro.
- Quando cai: Se a demanda for baixa ou os investidores ficarem céticos, o preço pode cair. Isso geralmente acontece quando o preço do IPO já está alto demais, a empresa não dá lucro ou o cenário de mercado não é favorável.
Como saber se um IPO está “caro” ou “barato”?
Não é uma ciência exata, mas há formas de ter uma boa ideia:
- Analise os múltiplos: Os múltiplos de mercado, como o P/L (preço sobre lucro), são ferramentas de comparação. Se o P/L da empresa do IPO for 50, e o das concorrentes que já estão na Bolsa for 10, o IPO pode estar caro.
- Compare com empresas do mesmo setor: Procure empresas similares à que está fazendo o IPO e compare dados como faturamento, margem de lucro e crescimento. Isso dará a você uma referência de valor.
Qual a diferença entre IPO e follow-on?
- IPO (Oferta Pública Inicial): É a primeira vez que uma empresa vende suas ações ao público. Ela está abrindo seu capital para o mercado.
- Follow-on (Oferta Pública Secundária): É uma emissão de ações de uma empresa que já está listada na Bolsa. A empresa pode fazer isso para captar mais dinheiro, por exemplo.
Resumo e Conclusão
Chegamos ao fim da nossa jornada. Vimos que quem realmente lucra nos IPOs são os investidores institucionais, bancos e fundos de investimento. Eles têm acesso a informações privilegiadas e a condições que a maioria dos investidores de varejo não tem.

Vimos também que a maioria das pessoas perde dinheiro em IPOs por um motivo principal: o excesso de emoção e a falta de análise. Investir por hype e sem entender a fundo o negócio da empresa é a receita para o prejuízo.
No entanto, com informação e cautela, é possível reduzir os riscos. A lição final é que você não deve encarar um IPO como uma aposta, mas sim como um investimento que exige estudo e paciência. Por isso, estude o mercado, procure análises independentes, diversifique sua carteira e, acima de tudo, nunca invista por impulso.





