Se o ano de 2022 foi reconhecido como “o ano da renda fixa”, 2023 não ficou para trás, oferecendo retornos expressivos aos investidores, especialmente nos títulos públicos. Mesmo considerados os investimentos mais seguros, esses títulos surpreenderam ao entregar rentabilidade acima de 20%, com um deles chegando perto de 27%, quase o dobro do ápice da Selic no ano.
Valorização Exponencial: Títulos Públicos Superam Expectativas
Quem adquiriu um título público no início do ano e o vendeu recentemente obteve retornos muito acima das expectativas, graças à marcação a mercado. Esse mecanismo diário de atualização de preços favoreceu aqueles que investiram no Tesouro Direto em 2023.
Os Destaques de 2023
O título público com maior rentabilidade acumulada em 2023 foi o Tesouro Prefixado 2029. Um investidor que aplicou R$ 10 mil no início do ano e vendeu o título recentemente obteve um retorno bruto de R$ 12.689, representando incríveis 26,89%.
Outro destaque foi o Tesouro IPCA+ 2045, vinculado à inflação, que acumulou uma rentabilidade de 24,31% no ano.
Confira a rentabilidade acumulada de alguns títulos públicos de janeiro a dezembro de 2023:
- Tesouro Prefixado 2029: 26,89%
- Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2033: 24,91%
- Tesouro IPCA+ 2045: 24,31%
- Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2031: 23,62%
- Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2029: 22,27%
Os Motivos por Trás da Valorização
A valorização dos títulos públicos está diretamente relacionada à queda dos juros. No início do ano, esses títulos ofereciam taxas mais elevadas, resultando em ganhos substanciais para aqueles que os adquiriram nesse período. O Tesouro Prefixado 2029, por exemplo, oferecia uma taxa de 12,81% no início de 2023, enquanto agora possui uma rentabilidade anual de 10,18%.
Alexandre Yamamoto, analista de renda fixa da Levante Investimentos, destaca dois momentos cruciais para a queda dos juros em 2023: o primeiro semestre, marcado pela desconfiança em relação ao novo governo e o termo “risco fiscal”, e o segundo semestre, impulsionado pela aprovação de um novo arcabouço fiscal e otimismo que perdurou até julho.
Perspectivas para 2024: Títulos Atrelados à Inflação em Destaque
O cenário financeiro de 2024 apresenta uma mudança significativa em relação ao final de 2022, favorecendo os títulos de inflação. Analistas acreditam que avanços em pautas como o arcabouço fiscal e reforma tributária aumentam a confiança no governo federal. Além disso, a inflação não parece ser um problema tão relevante quanto no início do ano, tanto localmente quanto no exterior.
Kaique Fonseca, economista da A7 Capital, destaca que as taxas dos títulos de inflação não caíram tanto quanto as dos prefixados, apresentando uma oportunidade interessante para os investidores.
Daniel Leal, estrategista de renda fixa da BGC Liquidez, explica que as taxas do Tesouro IPCA+ não subiram tanto em 2023 devido à postura dos fundos de pensão, que não permitiram que o juro real ultrapassasse 7%.
Diante desse cenário, Alexandre Yamamoto aconselha a inclusão de títulos indexados à inflação na carteira, pois eles podem se beneficiar da queda de juros e oferecem proteção em casos de surpresas negativas nos preços.
Fonte: Tesouro Direto