Top ações mais negociadas da bolsa de valores brasileira (B3)
Conheça as ações com maior liquidez da B3

Se você já abriu o aplicativo de uma corretora ou acompanhou o noticiário financeiro, provavelmente sentiu uma sensação de familiaridade. Nomes como Petrobras (PETR4), Vale (VALE3) e Itaú (ITUB4) estão quase sempre piscando no topo da lista, como estrelas de um filme de sucesso em cartaz há anos. Mas o que realmente significa quando uma ação é uma das “mais negociadas” do dia?
Essa é uma das primeiras e mais importantes lições para quem está começando a investir: volume de negociação não é sinônimo de bom investimento. Uma ação ser muito popular significa apenas que muitas ordens de compra e venda foram executadas para ela em um determinado período. É um indicador de liquidez e de interesse do mercado, mas não necessariamente um selo de qualidade ou uma recomendação de compra.
A popularidade de uma ação pode ser impulsionada por diversos fatores:
- Liquidez elevada: A facilidade de comprar e vender um ativo sem impactar significativamente seu preço. As ações mais negociadas são como avenidas movimentadas — sempre há alguém querendo comprar ou vender, o que dá segurança ao investidor.
- Confiança dos investidores: Gigantes da economia, como grandes bancos e produtoras de commodities, transmitem uma sensação de solidez que atrai tanto o pequeno investidor quanto os grandes fundos.
- Interesse do capital estrangeiro: Investidores de outros países tendem a concentrar seus aportes nas empresas brasileiras mais conhecidas e líquidas, injetando bilhões de reais e aumentando o volume de negociação.
O cenário macroeconômico também atua como um maestro dessa orquestra. Em tempos de alta nos preços das commodities, é natural que Vale e Petrobras ganhem protagonismo. Quando a taxa de juros (Selic) sobe, o setor financeiro atrai os holofotes. E a variação do dólar? Ela pode impulsionar os resultados de empresas exportadoras, colocando-as no centro das atenções.
Essa dinâmica gera dúvidas, principalmente para quem está dando os primeiros passos. Pense na história de Maria, uma investidora iniciante. Ao analisar o mercado, ela ficou surpresa ao ver que Magazine Luiza (MGLU3), mesmo após um período de forte queda, ainda aparecia frequentemente entre as mais negociadas. A dúvida era inevitável: isso significava uma oportunidade de compra a preços baixos ou um sinal de que muitos estavam vendendo seus papéis em pânico?
A história de Maria ilustra perfeitamente por que entender o ranking das mais negociadas é uma ferramenta poderosa. Esse conhecimento ajuda você a:
- Ter acesso a ativos com maior liquidez, facilitando a entrada e a saída de suas posições.
- Entender os movimentos do mercado, usando essas ações como um “termômetro” para medir o otimismo ou o pessimismo dos investidores.
- Tomar decisões mais informadas, cruzando a informação de volume com a análise de fundamentos da empresa.
Entender quais são os papéis mais “quentes” da bolsa não é buscar uma fórmula mágica, mas sim decifrar o comportamento do mercado para navegar com mais segurança e estratégia.
Nos próximos tópicos, vamos detalhar quais são as ações mais negociadas da bolsa brasileira, os setores que dominam esse ranking, os motivos que explicam essa popularidade e como interpretar esses dados na hora de montar sua carteira.
Os Setores e Ações que Dominam o Ranking da B3
O palco da bolsa de valores brasileira tem seus atores principais, aqueles que quase todos os dias estão sob os holofotes. Eles pertencem a setores que formam a espinha dorsal da economia do país. Entender quem são e por que atraem tanto a atenção é o primeiro passo para decifrar os movimentos do mercado.
1. Petróleo e Energia – Petrobras como Protagonista Absoluta
Não há como falar das ações mais negociadas do Brasil sem colocar a Petrobras (PETR3 e PETR4) no centro da conversa. A gigante estatal é, de longe, uma das empresas mais relevantes e observadas do mercado, e seu volume de negociação reflete essa importância.
O motivo de tanta movimentação é que a Petrobras é um ativo multifacetado. Ela é influenciada por uma combinação única de fatores globais e locais:
- Preço do Barril de Petróleo: A cotação internacional do petróleo (Brent) dita o ritmo dos lucros da empresa. Quando o preço sobe, a expectativa de receita aumenta, e as ações tendem a se valorizar, atraindo compradores. O inverso também é verdadeiro.
- Política de Dividendos: Nos últimos anos, a Petrobras se tornou uma das maiores pagadoras de dividendos do mundo. Anúncios de proventos generosos atraem uma legião de investidores em busca de renda passiva, inflando o volume negociado.
- Interferência Governamental: Por ser uma empresa de capital misto, controlada pelo Estado, a Petrobras está constantemente sujeita a ruídos políticos. Mudanças na presidência, discussões sobre a política de preços dos combustíveis ou planos de investimento direcionados pelo governo geram incertezas e, consequentemente, muita volatilidade e negociação.
- Peso no Ibovespa: As ações da Petrobras têm um dos maiores pesos no principal índice da bolsa brasileira. Por isso, grandes fundos de investimento (nacionais e estrangeiros) que replicam o índice são obrigados a comprar e vender seus papéis, garantindo um volume diário gigantesco.
A analogia é inevitável: “Investir em Petrobras é como apostar no termômetro da economia brasileira: sempre está em pauta, para o bem ou para o mal”.
Mini-história: Carlos, um investidor moderado, comprou PETR4 em 2022, atraído pelos dividendos recordes. Ele ficou feliz com os pagamentos, mas logo aprendeu que precisava ter estômago para a volatilidade. Cada notícia sobre uma possível mudança na diretoria ou uma queda no preço do petróleo fazia sua carteira balançar, ensinando-o na prática a diferença entre investir para renda e especular no curto prazo.
Vantagens do Setor:
- ✅ Alta Liquidez: Facilidade extrema para comprar e vender.
- ✅ Potencial de Dividendos: Capacidade de gerar renda passiva robusta.
- ✅ Exposição ao Dólar: A receita é atrelada à moeda forte, protegendo contra a desvalorização do real.
Riscos do Setor:
- ❌ Risco Político: A principal fonte de incerteza e volatilidade.
- ❌ Volatilidade das Commodities: Dependência direta de preços que a empresa não controla.
- ❌ Questões ESG: Pressão crescente pela transição para energias mais limpas.
2. Mineração e Siderurgia – Vale e os Gigantes da Exportação
Se a Petrobras é a protagonista nacional, a Vale (VALE3) é a estrela brasileira no palco global. É comum ver a ação da mineradora liderando o ranking de volume financeiro negociado na B3, movimentando bilhões de reais em um único pregão.
A explicação para isso está a um oceano de distância: a China. A Vale é a maior produtora global de minério de ferro, matéria-prima essencial para a produção de aço. A economia chinesa, com seu gigantesco setor de construção civil e infraestrutura, é a principal compradora desse minério. Portanto, o humor do mercado com VALE3 está diretamente ligado às notícias vindas da Ásia.
Exemplo prático: “Quando a China anuncia estímulos à construção civil, as ações da Vale costumam disparar”. Esse fluxo de notícias cria um ambiente perfeito para traders e grandes fundos, que compram e vendem a ação conforme as expectativas sobre a demanda chinesa mudam.
Além da Vale, outras empresas do setor, como Gerdau (GGBR4) e CSN (CSNA3), também figuram entre as mais negociadas, especialmente em períodos de alta do aço e do minério.
Mini-história: João decidiu investir em VALE3 para o longo prazo, acreditando na tese de que o mundo sempre precisará de aço. No entanto, ele percebeu rapidamente que sua tese de longo prazo era impactada por dados de curto prazo divulgados na China. Ele aprendeu a acompanhar o PMI industrial chinês e os dados do mercado imobiliário de lá para entender melhor as oscilações diárias de sua ação.
Vantagens do Setor:
- ✅ Player Global: Liderança mundial em um setor essencial.
- ✅ Receita Dolarizada: Proteção cambial natural.
- ✅ Alta Liquidez: Volume massivo de negociação diária.
Riscos do Setor:
- ❌ Dependência da China: Qualquer desaceleração da economia chinesa impacta fortemente os resultados.
- ❌ Risco ESG e Acidentes: O setor de mineração está sob constante escrutínio ambiental e social.
- ❌ Ciclo das Commodities: O preço do minério de ferro passa por ciclos de alta e baixa que afetam a lucratividade.
3. Bancos e Sistema Financeiro – Itaú, Bradesco e Banco do Brasil
O setor financeiro é o alicerce da bolsa brasileira. Ações como Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3) são sinônimos de “blue chips” — empresas grandes, lucrativas e com um longo histórico no mercado.
Eles dominam o ranking de negociação por motivos diferentes dos setores de commodities. A atratividade aqui reside na previsibilidade e na distribuição de lucros. Os grandes bancos são conhecidos por serem negócios resilientes, capazes de lucrar em diferentes cenários econômicos e por recompensar seus acionistas com dividendos consistentes.
- Pilar do Ibovespa: Assim como a Petrobras e a Vale, os bancos têm um peso enorme no índice, o que gera negociação constante por parte de fundos.
- Porto Seguro: Em momentos de crise, investidores tendem a migrar de ações mais voláteis para os bancos, buscando proteção.
- Foco em Dividendos: São as ações preferidas de muitos investidores que montam carteiras para a aposentadoria.
A analogia aqui é cirúrgica: “Se a Petrobras é o termômetro da economia, os bancos são o coração: bombeiam crédito e liquidez para todo o mercado”. Historicamente, em cenários de juros altos como o visto em 2023, os bancos tendem a ampliar suas margens de lucro, atraindo ainda mais investidores.
Vantagens do Setor:
- ✅ Lucratividade e Solidez: Histórico consistente de geração de caixa e lucros.
- ✅ Bons Pagadores de Dividendos: Atraem investidores focados em renda passiva.
- ✅ Setor Perene: Essencial para o funcionamento de toda a economia.
Riscos do Setor:
- ❌ Concorrência das Fintechs: Ameaça de longo prazo à dominância dos grandes bancos.
- ❌ Risco Regulatório: Mudanças nas regras do Banco Central podem impactar os resultados.
- ❌ Inadimplência: Em crises econômicas, o aumento da inadimplência pode corroer os lucros.
4. Varejo e Consumo – O Palco da Volatilidade
Aqui o cenário muda drasticamente. O setor de varejo, que brilhou intensamente durante a pandemia em 2020 e 2021, tornou-se um exemplo de alta volatilidade. Ações como Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) continuam entre as mais negociadas, mas por um motivo diferente: a forte participação do investidor pessoa física e a intensa especulação.
Essas ações são extremamente sensíveis ao cenário macroeconômico doméstico:
- Taxa de Juros (Selic): Juros altos encarecem o crédito, desestimulam o consumo e comprimem as margens das varejistas. Foi o principal fator para a queda do setor em 2022 e 2023.
- Confiança do Consumidor: O otimismo da população com a economia e o emprego impacta diretamente as vendas.
Em contrapartida, uma gigante como a Ambev (ABEV3), do setor de bebidas, também tem um volume de negociação altíssimo, mas com um perfil de investidor diferente. Por ser uma empresa líder, com receita previsível e forte geração de caixa, ela atrai investidores que buscam estabilidade.
Isso cria um contraste claro: “Enquanto Magazine Luiza atrai especuladores pela volatilidade, Ambev atrai investidores de longo prazo pela previsibilidade”.
Mini-história: Ana, uma jovem investidora com perfil arrojado, apostou em MGLU3 no início de 2023, acreditando em uma recuperação rápida. Ela viu seu investimento oscilar mais de 10% em um único dia, aprendendo que o potencial de ganho no varejo vinha acompanhado de um risco igualmente elevado. A experiência a ensinou a diversificar, mantendo uma parte menor de sua carteira em ativos tão voláteis.
5. Energia Elétrica e Infraestrutura – As Favoritas dos Dividendos
Menos badalado, mas extremamente relevante em volume, o setor elétrico é outro favorito dos investidores, especialmente daqueles que buscam renda passiva. Empresas como Eletrobras (ELET3, ELET6), Engie (EGIE3) e Taesa (TAEE11) são muito negociadas por terem características defensivas:
- Receitas Previsíveis: Possuem contratos de longo prazo e reajustados pela inflação.
- Demanda Constante: A energia elétrica é um serviço essencial.
- Forte Geração de Caixa: O que se traduz em dividendos generosos e constantes.
Renda passiva pode ser comparada ao aluguel de um imóvel: um dinheiro que entra na sua conta periodicamente, sem que você precise vender o ativo. As empresas do setor elétrico são vistas como “imóveis” na bolsa, gerando esse fluxo de caixa para os acionistas.
6. Tecnologia e Novos Entrantes
A pandemia de Covid-19 acelerou a digitalização e trouxe para o ranking das mais negociadas empresas de tecnologia como Locaweb (LWSA3) e TOTVS (TOTS3). Embora o volume tenha diminuído com a alta dos juros, elas seguem relevantes. O que atrai os investidores é a expectativa de crescimento exponencial. Diferente de um banco ou de uma elétrica, o mercado não negocia o lucro atual dessas empresas, mas sim o potencial de lucros futuros. Isso embute um risco maior, mas também um potencial de valorização muito acima da média.
7. Setores Defensivos em Tempos de Crise
Em momentos de grande incerteza, o fluxo de dinheiro no mercado muda. Investidores tiram seus recursos de setores de risco (como varejo e tecnologia) e buscam abrigo em setores defensivos. São empresas que fornecem serviços essenciais e cujas receitas são menos afetadas por crises.
É nesse contexto que papéis de saneamento, como a Sabesp (SBSP3), e de telecomunicações, como a Telefônica Brasil (VIVT3), ganham destaque e aumentam seu volume de negociação, funcionando como um “porto seguro” para a carteira.
Liquidez, Volume Financeiro e Impacto no Ibovespa: Como Interpretar Esses Dados na Prática
Você já viu quais são os setores e as empresas que dominam as negociações na B3. Agora, é hora de ir além dos nomes e entender os motores por trás dessa popularidade: liquidez e volume. Esses dois conceitos são como os sinais vitais de uma ação. Ignorá-los é como pilotar um avião sem olhar os instrumentos — você pode até voar por um tempo, mas o risco de ter problemas é enorme.
1. O que significa liquidez na bolsa? O teste do “carro popular”
De forma bem simples, liquidez é a facilidade com que você consegue converter uma ação em dinheiro, ou seja, vendê-la rapidamente sem precisar oferecer um grande desconto para atrair um comprador.
Para entender na prática, vamos usar uma analogia do dia a dia:
Uma ação muito líquida (como PETR4 ou VALE3) é como vender um carro popular seminovo. No momento em que você anuncia, aparecem dezenas de interessados. Você consegue vender rapidamente por um preço justo, muito próximo ao da tabela Fipe.
Uma ação com baixa liquidez é como tentar vender um carro de colecionador, muito raro e antigo. Pode ser um ótimo carro, mas o número de compradores interessados é minúsculo. Talvez você precise esperar meses para encontrar alguém e, para fechar negócio, provavelmente terá que dar um belo desconto.
Na bolsa, essa “proximidade do preço justo” é vista no book de ofertas. Em uma ação líquida, a diferença entre o maior preço de compra e o menor preço de venda (o chamado spread) é mínima, de centavos. Em uma ação sem liquidez, essa diferença pode ser enorme, o que significa que, para vender na hora, você perderia um bom dinheiro.
É por isso que investidores institucionais (grandes fundos de pensão, gestoras de investimento) e estrangeiros priorizam ativos líquidos. Eles movimentam milhões ou até bilhões de reais e precisam da garantia de que conseguirão entrar e sair de suas posições sem distorcer o preço do ativo.
2. Volume financeiro: O pulso do mercado
Se a liquidez é a facilidade de negociação, o volume financeiro é o indicador da intensidade dessa negociação. Ele representa a soma total de dinheiro que trocou de mãos em uma determinada ação durante o pregão.
Um volume financeiro alto indica que há um grande interesse do mercado naquele papel, seja comprador ou vendedor. É um termômetro que mede o quão “quente” está uma ação.
Exemplo: Em um dia normal, é comum ver PETR4 movimentar mais de R$ 2 bilhões. Isso mostra o gigantesco interesse e a importância da ação para o mercado como um todo.
É importante diferenciar volume financeiro de número de negócios. Uma ação pode ter milhares de negócios (muita gente comprando e vendendo), mas se seu preço for de poucos centavos, o volume financeiro será baixo. Em contrapartida, uma ação de preço alto, como a VALE3, pode ter menos negócios individuais, mas cada um deles movimenta tanto dinheiro que o volume financeiro total dispara. No fim do dia, o que realmente importa é o volume financeiro.
3. A Falsa Amizade: Liquidez e Volatilidade não são a mesma coisa
Este é um dos pontos que mais confunde os investidores iniciantes. Muitos acreditam que uma ação com alta liquidez é, por definição, uma ação segura e estável. Isso é um mito.
- Liquidez é sobre a facilidade de negociar.
- Volatilidade é sobre a intensidade da variação de preços.
Uma ação pode ser extremamente líquida e, ao mesmo tempo, incrivelmente volátil. O melhor exemplo histórico recente é Magazine Luiza (MGLU3). Durante o auge da crise de 2022, a ação era uma das mais negociadas do dia, com liquidez altíssima. Qualquer investidor conseguia comprar ou vender milhões de reais em segundos. No entanto, sua volatilidade era brutal, com quedas e altas que chegavam a 10% ou 15% em um único dia.
Em contraste, Ambev (ABEV3) também é muito líquida, mas sua volatilidade costuma ser bem menor. Suas cotações variam de forma mais suave. A liquidez, em ambos os casos, garante que há um mercado ativo, mas não diz nada sobre o comportamento dos preços.
4. O Efeito Dominó: Como as Ações Mais Negociadas Influenciam o Ibovespa
O Índice Bovespa (Ibovespa) é o principal termômetro do mercado de ações brasileiro. Ele é, basicamente, uma carteira teórica composta pelas ações com maior volume de negociação e relevância na B3. E aqui está o ponto-chave: as ações não têm o mesmo peso dentro do índice.
Empresas como VALE3, PETR4 e ITUB4 são pesos-pesados. Juntas, elas podem representar mais de 30% de todo o Ibovespa. Isso cria um efeito dominó poderoso.
A analogia perfeita é a de uma balança de pratos. O Ibovespa é a balança. De um lado, você tem Vale, Petrobras e Itaú como pesos de chumbo. Do outro, dezenas de outras empresas como pesos de pena. Se os gigantes de chumbo caem juntos, não importa que as empresas menores subam; a balança vai pender para o lado negativo e o Ibovespa fechará em queda.
É por isso que, em muitos dias, você verá no noticiário: “Bolsa cai puxada por Vale e Petrobras”. O movimento desses gigantes dita o “humor” geral do mercado.
Além do Ibovespa, existem outros índices importantes que o investidor pode acompanhar, como o IBrX-100 e o IBrX-50 (que medem o desempenho das 100 e 50 ações mais negociadas, respectivamente) e índices setoriais, como o IFNC (Índice Financeiro), o IEE (Índice de Energia Elétrica) e o IMAT (Índice de Materiais Básicos).
5. Estratégia em Ação: Como Usar a Liquidez e o Volume a seu Favor
Ok, você entendeu os conceitos. Mas como usar isso para tomar decisões melhores?
- Para o trader de curto prazo: A liquidez é essencial. Ele precisa entrar e sair de posições rapidamente, com custos baixos, para lucrar com movimentos pequenos. Operar um ativo sem liquidez é suicídio para um trader.
- Para o investidor de longo prazo (Buy and Hold): A liquidez também é fundamental. Mesmo que a intenção seja segurar a ação por anos, ter um ativo líquido oferece tranquilidade. Se um dia você precisar do dinheiro para uma emergência ou decidir rebalancear a carteira, saberá que conseguirá vender suas ações facilmente a um preço justo.
O grande perigo para o iniciante é cair na armadilha da baixa liquidez. Ele pode ser atraído por uma ação desconhecida que subiu muito, comprá-la e, na hora de vender, descobrir que simplesmente não há compradores.
Tabela Comparativa: Liquidez em Foco
Característica | Ações de Alta Liquidez (Ex: PETR4, VALE3) | Ações de Baixa Liquidez (Ex: Small Caps desconhecidas) |
Facilidade de Venda | Altíssima. Venda imediata a preço de mercado. | Baixa. Pode levar dias ou exigir grandes descontos. |
Spread (Compra/Venda) | Mínimo (centavos). | Alto (pode passar de 5-10% do valor da ação). |
Risco de Manipulação | Baixo. É preciso muito dinheiro para mover o preço. | Alto. Poucos negócios podem causar grandes distorções. |
Perfil do Investidor | Todos (iniciantes, traders, fundos, estrangeiros). | Apenas para investidores experientes e cientes do risco. |
Vantagens e Desvantagens de Focar em Ações Líquidas
Vantagens:
- ✅ Segurança: Facilidade para sair da posição quando quiser.
- ✅ Custos Menores: Spreads baixos significam menos perdas na transação.
- ✅ Análise Facilitada: São as empresas mais cobertas por analistas de mercado.
Desvantagens:
- ❌ Menor Potencial Explosivo: Por serem gigantes, é mais difícil que dobrem de valor rapidamente.
- ❌ “Manada”: O excesso de notícias e opiniões pode levar a decisões impulsivas.
Mini-histórias para Fixar o Conhecimento
O erro de João: João, um investidor iniciante, viu uma ação de uma empresa pequena subir 50% em uma semana e decidiu comprar. Quando tentou vender para realizar o lucro, descobriu que o volume diário era baixíssimo. Ele ficou “preso” no papel por meses, vendo seu lucro desaparecer até finalmente conseguir vender com prejuízo.
A estratégia de Ana: Ana, investidora de longo prazo, foca sua carteira em empresas sólidas e com alta liquidez (bancos, elétricas, commodities). Certo dia, ela decidiu vender parte de suas ações de Vale para comprar mais ações de uma empresa de energia elétrica. A operação foi executada em segundos, ao preço que ela queria, permitindo um rebalanceamento de carteira rápido e eficiente.
Com certeza. Agora que os conceitos de liquidez e volume estão claros, vamos avançar para a parte prática: como utilizar as ações mais negociadas da B3 para construir diferentes estratégias de investimento, do perfil mais conservador ao mais arrojado.
Estratégias de Investimento Usando as Ações Mais Negociadas da B3
Saber quais são as ações mais populares é apenas o primeiro passo. O verdadeiro poder está em usar essa informação para construir uma estratégia que se alinhe aos seus objetivos, seu perfil de risco e seu horizonte de tempo. As ações mais negociadas são um campo fértil para isso, pois oferecem alta liquidez, visibilidade e uma vasta cobertura de analistas.
A melhor analogia é pensar no mercado de ações como um esporte. Investir nas ações mais negociadas é como jogar em um estádio iluminado e cheio de câmeras: tudo é mais visível, os movimentos são mais claros e há uma abundância de informações, o que reduz incertezas — mas também atrai mais concorrência e jogadores profissionais.
Vamos explorar as principais estratégias que você pode aplicar usando esses papéis.
1. Buy and Hold: Investindo nos Titãs do Mercado para o Longo Prazo
A estratégia “comprar e segurar” (Buy and Hold) é a favorita dos grandes investidores, como Warren Buffett. A lógica é simples: comprar ações de empresas sólidas e lucrativas e mantê-las na carteira por anos, ou até décadas, ignorando as flutuações de curto prazo.
As ações mais negociadas da B3 são perfeitas para isso, pois geralmente representam empresas líderes em seus setores, com modelos de negócio testados e comprovados. Papéis como Petrobras (PETR4), Vale (VALE3), Ambev (ABEV3) e, especialmente, os grandes bancos, são escolhas clássicas.
Exemplo de referência: Itaú Unibanco (ITUB4) é frequentemente citado como um pilar para carteiras de longo prazo. O banco possui um histórico de décadas de lucratividade, governança corporativa robusta e resiliência para atravessar as mais diversas crises econômicas, recompensando seus acionistas no caminho.
Vantagens:
- ✅ Foco nos Fundamentos: Você se preocupa com a qualidade da empresa, não com o ruído do mercado.
- ✅ Menos Estresse: Não é preciso acompanhar o pregão todos os dias.
- ✅ Juros Compostos: O tempo se torna seu maior aliado, potencializando os ganhos.
Riscos:
- ❌ Paciência: Exige disciplina para não vender em momentos de pânico.
- ❌ Risco de Estagnação: Mesmo grandes empresas podem passar por longos períodos de baixo crescimento.
2. Geração de Renda Passiva: Foco nos Dividendos
Muitos investidores sonham em viver de renda. Na bolsa, o caminho para isso é através dos dividendos. E a boa notícia é que muitas das ações mais negociadas são também algumas das maiores pagadoras de proventos do mercado.
Essa estratégia consiste em montar uma carteira de “vacas leiteiras”, empresas que distribuem uma parte significativa de seus lucros aos acionistas de forma consistente.
Os setores que mais se destacam aqui são:
- Bancos: Banco do Brasil (BBAS3) é um exemplo histórico. Investidores que pacientemente acumularam suas ações durante períodos de crise, quando os preços estavam baixos, colheram frutos espetaculares em dividendos nos anos seguintes.
- Energia Elétrica: Por terem receitas previsíveis, empresas como a Taesa (TAEE11) são famosas por serem “relógios” no pagamento de dividendos, atraindo uma legião de investidores que buscam um fluxo de renda constante.
O segredo aqui é reinvestir os dividendos recebidos. Ao fazer isso, você compra mais ações, que por sua vez gerarão mais dividendos, criando uma poderosa “bola de neve” de juros compostos.
Vantagens:
- ✅ Fluxo de Caixa: Gera uma renda periódica sem precisar vender suas ações.
- ✅ Menor Volatilidade: Empresas boas pagadoras de dividendos tendem a ser mais estáveis.
- ✅ Disciplina de Aporte: O reinvestimento cria um hábito de investimento constante.
Riscos:
- ❌ Dividendos não são garantidos: Uma empresa pode reduzir ou cortar os pagamentos se seus lucros caírem.
- ❌ Foco excessivo na renda: Pode levar o investidor a ignorar o potencial de valorização do capital.
3. Especulação de Curto Prazo: Day Trade e Swing Trade
No extremo oposto do Buy and Hold, encontramos os traders. Para eles, liquidez e volatilidade são o combustível do negócio. Eles buscam lucrar com as oscilações de preço que ocorrem em minutos, dias ou semanas.
Por isso, as ações mais negociadas são o habitat natural dos traders:
- PETR4 e VALE3: São perfeitas para traders que acompanham o mercado de commodities e notícias globais.
- MGLU3: Mesmo em baixa, sua alta volatilidade atrai especuladores que buscam lucros rápidos com os “repique” de preço.
É crucial entender a diferença:
- Day Trade: Operações de compra e venda realizadas no mesmo dia.
- Swing Trade: Operações que duram alguns dias ou semanas.
Alerta para Iniciantes: Esta é a estratégia mais arriscada de todas. A mesma liquidez que permite entrar e sair rápido também pode materializar perdas enormes em segundos. A grande maioria dos iniciantes que tenta começar pelo Day Trade perde dinheiro.
Vantagens:
- ✅ Potencial de Ganhos Rápidos: Possibilidade de lucros elevados em curto espaço de tempo.
- ✅ Não depende do longo prazo: O trader não se preocupa com os fundamentos da empresa.
Riscos:
- ❌ Altíssimo Risco: É a forma mais fácil de perder todo o capital investido rapidamente.
- ❌ Custo Elevado: Taxas de corretagem e impostos podem corroer os lucros.
- ❌ Exige Conhecimento Técnico e Controle Emocional Extremo.
4. A Rota da Simplicidade: ETFs e a Exposição Indireta
E se você quiser investir nas maiores empresas da bolsa sem precisar escolher uma por uma? Para isso existem os ETFs (Exchange Traded Funds). São fundos negociados na bolsa que replicam o desempenho de um índice.
Exemplo prático: O BOVA11 é o ETF que replica o Ibovespa. Ao comprar uma única cota de BOVA11, você está, na prática, investindo em uma “cesta” com as mais de 80 ações que compõem o índice, incluindo gigantes como Vale, Petrobras, Itaú, Bradesco e Ambev, na proporção exata que elas têm no Ibovespa.
Essa é uma das maneiras mais inteligentes e baratas para o investidor iniciante começar, pois oferece diversificação imediata com baixo custo.
Vantagens:
- ✅ Diversificação Instantânea: Reduz o risco de escolher a ação “errada”.
- ✅ Baixo Custo: Taxas de administração muito menores que as de fundos tradicionais.
- ✅ Simplicidade: Não exige análise individual de cada empresa.
Riscos:
- ❌ Sem Potencial de “Supervalorização”: Você terá o retorno da média do mercado, nunca superando-o drasticamente.
- ❌ Você “leva” tudo: Junto com as boas empresas do índice, você também investe nas que estão em um momento ruim.
Tabela Comparativa de Estratégias
Estratégia | Objetivo Principal | Horizonte de Tempo | Risco Típico | Ideal Para |
Buy and Hold | Acumulação de patrimônio | Longo Prazo (5+ anos) | Moderado | Pacientes que confiam nos fundamentos. |
Dividendos | Geração de renda passiva | Longo Prazo | Baixo a Moderado | Aposentadoria e quem busca fluxo de caixa. |
Trading | Lucro com a volatilidade | Curtíssimo Prazo | Muito Alto | Profissionais e especuladores experientes. |
ETFs | Diversificação e simplicidade | Médio a Longo Prazo | Moderado | Iniciantes e quem quer seguir o mercado. |
Perfis de Investidor na Prática: Carlos, Marina e Pedro
Para fixar as ideias, vamos ver como diferentes perfis podem usar as mesmas ações:
- Carlos (Conservador): Montou uma carteira focada em renda passiva para sua aposentadoria. Seus principais ativos são ITUB4 e TAEE11, que garantem um fluxo constante e previsível de dividendos.
- Marina (Moderada): Quer construir patrimônio sem correr riscos excessivos. Ela aloca 60% de sua carteira no ETF BOVA11 para garantir a diversificação e usa os 40% restantes para investir em ações de crescimento que ela acredita, como LWSA3 (Locaweb).
- Pedro (Arrojado): Tem alto conhecimento técnico e apetite a risco. Ele dedica uma pequena parte de seu capital para fazer Swing Trade com PETR4 e MGLU3, aproveitando a alta liquidez e a volatilidade para buscar lucros de curto prazo.
Em seguida, vamos consolidar todo o conhecimento adquirido com uma seção de perguntas e respostas detalhadas, um checklist prático para você começar hoje mesmo e uma conclusão para inspirar sua jornada.
FAQ Expandido: As Dúvidas Mais Comuns sobre as Ações Mais Negociadas
Esta seção é dedicada a responder, em detalhes, as perguntas que todo investidor — do iniciante ao intermediário — tem sobre o universo das ações mais populares da bolsa.
1. O que significa, na prática, uma ação ser “mais negociada”?
Significa que aquela ação teve um altíssimo volume financeiro movimentado durante o pregão. Em termos simples, muito dinheiro trocou de mãos entre compradores e vendedores. Pense nisso como um indicador de popularidade e interesse. Se uma ação movimenta bilhões em um dia, como PETR4 ou VALE3, é sinal de que grandes investidores, estrangeiros e o varejo estão ativamente posicionados nela.
Essa alta negociação resulta em alta liquidez. Usando nossa analogia anterior, é a diferença entre vender um carro popular e um de colecionador. Com uma ação líquida, você aperta o botão de “vender” e a ordem é executada em segundos a um preço justo. Com uma ação de baixa liquidez (uma small cap desconhecida, por exemplo), você pode ficar “preso”, sem compradores dispostos a pagar o que você pede, forçando-o a aceitar um grande desconto.
Portanto, uma ação ser “mais negociada” é uma garantia de que existe um mercado robusto e ativo para ela. Isso dá segurança, especialmente na hora de sair de uma posição. Você sabe que, se precisar do dinheiro, haverá sempre uma contraparte para fechar o negócio.
2. Ações mais negociadas são sempre as melhores para investir?
Definitivamente, não. Este é o mito mais perigoso para o investidor iniciante. Volume de negociação é uma métrica de popularidade, não de qualidade ou de bom momento de compra. Uma ação pode estar entre as mais negociadas justamente porque está em queda livre e muitos investidores estão vendendo em pânico.
O caso de Magazine Luiza (MGLU3) em 2022 e 2023 é um exemplo perfeito. A ação permaneceu com altíssima liquidez, sendo negociada por milhões de investidores todos os dias, mas seu preço despencou mais de 90% do topo histórico. A alta negociação refletia a volatilidade e a incerteza, não uma oportunidade clara de investimento.
A decisão de investir deve ser baseada nos fundamentos da empresa (lucro, dívida, gestão, potencial de crescimento) e no preço do ativo, não apenas em sua popularidade. As ações mais negociadas são um ótimo ponto de partida para estudar, mas nunca devem ser compradas cegamente.
3. Quais setores costumam concentrar as ações mais líquidas?
Historicamente, o ranking de liquidez na B3 é dominado por setores que formam a base da economia brasileira. São eles:
- Commodities (Materiais Básicos): Liderado por Vale (VALE3) e outras siderúrgicas, é um setor voltado para a exportação e diretamente influenciado pelo cenário global, especialmente pela demanda da China.
- Petróleo e Gás: Praticamente sinônimo de Petrobras (PETR4). A empresa tem um peso gigantesco no mercado e suas ações são negociadas massivamente por investidores locais e estrangeiros.
- Financeiro: Os grandes bancos, como Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3), são pilares do Ibovespa. Sua liquidez vem da percepção de solidez, lucratividade e forte pagamento de dividendos.
- Energia Elétrica: Empresas como Eletrobras (ELET6) e Engie (EGIE3) também figuram na lista, atraindo investidores pelo perfil defensivo e pela previsibilidade de receita.
4. É possível investir nas ações mais negociadas com pouco dinheiro?
Sim, absolutamente. Graças ao mercado fracionário, qualquer pessoa pode começar a investir nessas gigantes com valores muito baixos. No mercado padrão, as ações são negociadas em lotes de 100. Se uma ação custa R$ 30, você precisaria de R$ 3.000 para comprar um lote.
No mercado fracionário, porém, você pode comprar de 1 a 99 ações. Para isso, basta adicionar a letra “F” ao final do código da ação (ex: PETR4F, VALE3F, ITUB4F). Usando o mesmo exemplo, você poderia comprar uma única ação por R$ 30, mais os custos de corretagem (que hoje são zero em muitas corretoras).
Isso democratizou completamente o acesso à bolsa. É perfeitamente possível começar a montar uma carteira com as ações mais negociadas investindo R$ 100 ou R$ 200 por mês, comprando uma ou duas ações de cada empresa aos poucos.
5. Quais ETFs reúnem as ações mais negociadas da B3?
Os ETFs são a forma mais simples e eficiente de se expor a uma cesta das ações mais negociadas. Os principais são:
- BOVA11: É o mais famoso de todos. Ele replica o Índice Bovespa (Ibovespa), que é composto pelas ações com maior volume de negociação e relevância na B3. Ao comprar BOVA11, você investe automaticamente em Vale, Petrobras, Itaú e todas as outras gigantes do índice.
- BRAX11: Este ETF replica o índice IBrX-100, que representa as 100 ações mais negociadas e com maior valor de mercado da bolsa. É uma opção ainda mais diversificada que o BOVA11.
- PIBB11: Replica o índice IBrX-50, focado nas 50 empresas mais importantes. É uma forma de se concentrar ainda mais nas “blue chips” do mercado.
Investir via ETFs garante diversificação instantânea, reduzindo o risco de escolher uma única empresa que venha a ter um desempenho ruim.
6. As ações mais negociadas pagam dividendos?
Sim, e muitas delas estão entre as melhores pagadoras de dividendos da bolsa. Empresas maduras e lucrativas, que dominam o ranking de negociação, costumam gerar tanto caixa que conseguem distribuir uma parte generosa aos seus acionistas.
Petrobras (PETR4), por exemplo, teve anos de pagamentos recordes, tornando-se uma das maiores pagadoras de dividendos do mundo. Os bancos, como Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3), são famosos por sua consistência histórica na distribuição de proventos. O setor elétrico, com empresas como Taesa (TAEE11), é o queridinho dos investidores focados exclusivamente em renda passiva.
Portanto, é perfeitamente possível montar uma carteira de dividendos robusta focando apenas nas ações de maior liquidez do mercado.
7. Dá para fazer day trade com essas ações?
Sim, não só “dá para fazer” como elas são as preferidas e mais recomendadas para operações de Day Trade e Swing Trade. O motivo é justamente a alta liquidez.
Um trader precisa de agilidade para entrar e sair de uma operação em minutos ou horas. Se ele operar uma ação com baixa liquidez, corre o risco de não encontrar compradores na hora de vender, transformando um lucro potencial em prejuízo. Com PETR4 ou VALE3, o trader sabe que a qualquer segundo do pregão haverá milhões em ordens de compra e venda, garantindo a execução de suas estratégias.
No entanto, vale o alerta: a liquidez facilita a operação, mas a volatilidade dessas ações pode gerar perdas na mesma velocidade que gera ganhos. É uma atividade de altíssimo risco, não recomendada para iniciantes.
8. Qual a diferença entre investir diretamente em PETR4/VALE3 e investir via BOVA11?
Essa é uma dúvida crucial. A diferença está na concentração de risco e no potencial de retorno.
- Investir diretamente em PETR4: Você está fazendo uma aposta concentrada. Se a Petrobras tiver um ano excelente, com o petróleo em alta e dividendos recordes, seu retorno será espetacular, muito acima da média do mercado. Se, por outro lado, a empresa sofrer uma crise ou interferência política, sua perda também será muito maior que a média. Você assume 100% do risco e do retorno daquela empresa específica.
- Investir via BOVA11: Você está diversificando o risco. Dentro da cesta do BOVA11, a Petrobras é apenas uma das mais de 80 empresas. Se a PETR4 cair 10% em um dia, mas a Vale e os bancos subirem, o impacto negativo na sua cota do ETF será muito pequeno. Você troca o potencial de um retorno explosivo pela segurança do retorno médio do mercado. É como apostar no resultado médio de uma corrida, em vez de apostar em um único cavalo.
9. Quais riscos existem em investir apenas nas ações mais negociadas?
Embora seja um ponto de partida mais seguro, focar exclusivamente nas ações mais negociadas também embute riscos. O principal é o risco de concentração e o custo de oportunidade. A bolsa brasileira é muito concentrada em commodities e bancos. Se esses setores passarem por uma crise prolongada, sua carteira inteira sofrerá.
Ao focar apenas nos “gigantes”, você também pode deixar de lado as small caps — empresas menores com altíssimo potencial de crescimento. São nessas empresas que, muitas vezes, ocorrem as maiores valorizações da bolsa. Uma carteira bem diversificada geralmente combina a solidez das ações mais líquidas com uma pequena parcela em empresas de maior potencial de crescimento.
10. Como acompanhar o ranking das ações mais negociadas?
Acompanhar esse ranking é bastante simples. As principais fontes são:
- Site da B3: A própria bolsa de valores divulga relatórios mensais e anuais com dados detalhados sobre volume de negociação, participação de investidores, etc.
- Portais de notícias financeiras: Sites como InfoMoney, Investing.com e Valor Econômico publicam diariamente o ranking das maiores altas, baixas e volumes do pregão.
- Plataforma da sua corretora: A maioria dos home brokers possui uma seção que mostra, em tempo real, as ações mais negociadas do dia.
11. Investidores estrangeiros compram essas ações? Isso afeta os preços?
Sim, e o impacto é gigantesco. O capital estrangeiro é um dos principais motores do nosso mercado de ações. Quando o cenário global está otimista em relação ao Brasil, os investidores estrangeiros injetam bilhões de dólares na B3. E para onde vai esse dinheiro? Majoritariamente para as ações mais líquidas, como Vale, Petrobras, Itaú e outras blue chips.
Esse fluxo de compra massivo tem o poder de impulsionar os preços e levar o Ibovespa a novas altas. O contrário também é verdade: em momentos de aversão ao risco, a saída de capital estrangeiro pressiona a cotação dessas mesmas empresas para baixo. Acompanhar o fluxo estrangeiro é, portanto, um importante termômetro para entender a tendência do mercado.
12. Existe diferença entre volume financeiro e número de negócios?
Sim, e a diferença é crucial.
- Número de Negócios: Refere-se à quantidade de operações de compra e venda que ocorreram. Uma ação pode ter 10.000 negócios em um dia.
- Volume Financeiro: Refere-se à soma do dinheiro movimentado em todas essas operações.
O volume financeiro é a métrica mais importante. Imagine uma ação que custa R$ 0,50. Ela pode ter 10.000 negócios, mas se cada um for de apenas R$ 100, o volume financeiro será de R$ 1 milhão. Agora, pegue uma ação como a Vale, que custa R$ 60. Ela pode ter apenas 1.000 negócios, mas se cada um for de R$ 50.000, o volume financeiro será de R$ 50 milhões. Fica claro qual das duas tem mais relevância e interesse do mercado.
Checklist Prático do Investidor: Seu Passo a Passo para Começar
Siga estas etapas para iniciar sua jornada de investimentos nas ações mais negociadas da B3 de forma segura e estruturada.
- ✅ 1. Abra sua conta em uma corretora: O primeiro passo é escolher uma corretora de valores confiável, regulada pela CVM. O processo é 100% digital, rápido e a maioria já oferece taxa de corretagem zero para ações.
- ✅ 2. Estude o ranking das mais negociadas: Antes de comprar, familiarize-se com as empresas. Acesse o site da sua corretora ou portais de finanças e veja quais são os papéis com maior liquidez.
- ✅ 3. Defina seu perfil de risco: Você é conservador (preza pela segurança), moderado (equilibra risco e retorno) ou arrojado (busca alta rentabilidade)? Sua corretora oferecerá um questionário para ajudar a definir isso.
- ✅ 4. Escolha sua estratégia principal: Com base no seu perfil, decida seu foco. Será Buy and Hold? Dividendos? Ou talvez começar com ETFs para simplificar? Ter uma estratégia clara evita decisões impulsivas.
- ✅ 5. Monte uma carteira inicial diversificada: Não coloque todo o seu dinheiro em uma única ação. Comece escolhendo 3 ou 4 empresas de setores diferentes (ex: um banco, uma de commodity e uma de energia elétrica).
- ✅ 6. Defina aportes mensais e mantenha a disciplina: O segredo do sucesso é a constância. Defina um valor (R$ 100, R$ 500 ou o que couber no seu orçamento) e invista todos os meses, faça chuva ou faça sol.
- ✅ 7. Acompanhe os resultados das suas empresas: Ser um investidor de longo prazo não significa esquecer seus ativos. Leia os relatórios de resultados trimestrais para saber se as empresas continuam saudáveis.
- ✅ 8. Reavalie sua carteira periodicamente: A cada 6 ou 12 meses, revise sua carteira. Algum setor perdeu relevância? Seus objetivos mudaram? Faça pequenos ajustes para manter o portfólio alinhado.
- ✅ 9. Evite o “efeito manada”: Não compre uma ação apenas porque todo mundo está falando dela, nem venda em pânico porque o mercado caiu. Baseie suas decisões em sua estratégia, não no barulho da multidão.
- ✅ 10. Pense no longo prazo: Lembre-se que a bolsa de valores recompensa a paciência. Os maiores patrimônios foram construídos ao longo de anos e décadas, não em dias ou meses.
Os Gigantes do Mercado como sua Porta de Entrada
O mercado de ações pode parecer um oceano vasto e intimidador, mas ele não é uniforme. Existem águas calmas e tempestuosas, rasas e profundas. Focar nas ações mais negociadas da B3 é uma forma inteligente de começar sua jornada, pois elas representam o centro desse ecossistema — a parte mais visível, analisada e acessível.
Investir nesses “gigantes do mercado” é uma porta de entrada segura para aprender, diversificar e, finalmente, ver seu patrimônio crescer. Elas oferecem a liquidez necessária para que você nunca se sinta “preso” e a robustez de negócios consolidados que já passaram por inúmeros testes ao longo do tempo.
Pense nisso da seguinte forma: investir nas ações mais negociadas é como aprender a nadar primeiro na piscina grande e iluminada do clube, com a presença de um salva-vidas. Apenas depois de ganhar confiança e técnica você deve se aventurar a nadar em rios ou no mar aberto, onde os riscos são maiores e o ambiente é menos previsível.
O conhecimento que você adquiriu neste guia é seu maior aliado. Não espere o momento perfeito, pois ele não existe. O melhor momento para começar a construir seu futuro financeiro é agora. Dê o primeiro passo hoje mesmo. Sua versão do futuro agradecerá.